terça-feira, dezembro 04, 2007

Fático

Espera,
Que neste pulso inexiste voz,
Que os toques não dão certeza,
Que a sílaba é teu todo

Espera mais um pouco,
Que o fonema é tua paz

quinta-feira, outubro 25, 2007

Observando a bússola

Sentes, agora, o fardo?
É o novo, sempre... em voga
Como saber disto?
Tu és resposta.
Que mais desejas, além do velho minuto regurgitado?
Nada... nada...

segunda-feira, setembro 03, 2007

Retomar 1

Bebo um velho verbo,
Crescido em anêmico preto e branco,
Sucateado num desuso frio
Do coro da imensa novidade

sexta-feira, agosto 24, 2007

Poema do Marejar

Preso,
Em terna estrutura,
E machucado
Por debater-se

É criança que arregala os olhos;
Nada lhe escapa...
Falsea desespero e sonda,
Como se todo corpo fosse nu
E todo drama, evidente

quarta-feira, agosto 15, 2007

Impacto

Estaios soltam-se a cada beijo nosso,
Levando a cabo o desejo autodestrutivo
De queda

Romperam-se os diques,
A represa ruiu...
Após uma semana,
Nem a melhor pilastra - da melhor ponte -
Suportou sozinha peso e corrente

Por todo o verde vestido
Existia dúvida

terça-feira, agosto 07, 2007

Sem título

Acabas de nascer, como podes... mas lê!
Teus olhos, atentos a tudo
Com tal volúpia,
Com tal fome,
Que não há janela, nesta sala,
Sem temor e vergonha de ti

segunda-feira, julho 30, 2007

[Calei...]

Calei
Antes das palavras
Para ouvir a tinta
E saber do fim

Melodia negação;
Furtei este espaço
Sem explicar-me,
Pois venham, desculpas!

Nada, nada...
A caneta é irrelevante
As marcas, o papel, o monitor...

Somos nós;
Por mais que esqueçamos

sexta-feira, julho 27, 2007

Apelo

Estranho, estranho, estranho... É só o que tenho dito. Ladainha, certamente, pois essa história de "não ter lugar no mundo..." - ah!, é cena.
Consola-me a cumplicidade que todos vocês, leitores - insistentes leitores -, trazem a uma prosa gasta e pouco original. E como é bom saber que vocês existem...
Paciência, paciência.

terça-feira, julho 24, 2007

Relógio

Me aponta o ponteiro
Os seus primeiros segundos
Sou uma antigüidade

Por Danilo Bomilcar e Rafael Seferian

sábado, julho 21, 2007

explicação

Momentaneamente sem a tensão necessária, deixo em branco o espaço, mesmo escrevendo.
Nada que não passe logo, assim como este enjôo....

terça-feira, julho 17, 2007

Voz Alta

Não mais aparência;
Tens a descartável casca
Fria e muda
Muda...
Muda!

domingo, julho 15, 2007

Sobre certo som

Um Arnaldo
Armando amores
É arma e tiro
Em nossos Dias

sábado, julho 14, 2007

Poema Liquefeito

Verborrágico assombro...
Nem as mesmas frases
Nem a boa mesma

Algo como vício
Compulsão bulímica;
Puro vômito...

Sobre Lembranças


Parte I - Poema sem grifos


Pensou-se em dionísio ou príapo,
Mas o ritual era Cristão

Entrega;
Tua e minha,
Sem que soubessemos um do outro

Interpretações...
É o que temos ao ganhar o mundo
Traem-nos;
E tudo o mais, então,
Simplesmente acontece

Por mais alegria e prazer que haja,
Agora,
Há com outros,
Pois perdemo-nos ante a primeira;

Foi-se este tempo:
O verso livre trouxe-me o fingimento
E com ele tenho saciado-me


Parte II - Exemplo; Pobre fingimento


O ritual, a métrica, palavras certas... pessoas certas...
É... foi-se
Ao menos para mim;
Alguns conseguem tais coisas - o que não é meu caso
Espero que tenhas conse...
Não
Mentiria se dissesse isto

Entreguei-me ao que é passageiro
E fácil

Não sou mais o das escadas,
Tampouco o que chorou em frente ao relógio
Sou o desejo daquele e o medo deste

Teu;
Mas sem ti,
Escravo de mim

terça-feira, julho 10, 2007

[Aos cegos, escrevo]

Aos cegos, escrevo
Clamo perdão
Por tudo que é seco
E não pode ser tocado

__________


Explodiu-me a poesia
E todo fruto meu
Tornou-se carne minha

Não penses, não penses

Descontruo, em teu mundo,
De surdez inaudita
E norma apática,
A nossa igualdade

Minha estrutura,
Caoticamente fixa,
Repetitiva e gasta...
Basta
A ti,
Por hora

Algo ou Palavras?

Há tempos em que as flores são ramos
Não lhas entregamos por representarem o nada
Pois, o nada, não se comunica, quando sincero

Há tempos em que as flores são exuberantes
E a paixão as dá para serem tudo num instante
Toda a intensidade

Há tempos em que as flores são secas
Nunca para que as seguremos
Pois precisam de livros,
De um quase esquecimento que as faz onipresentes
Ou completamente negadas
Em ambos os casos,
Um dia abre-se o livro
Anos, que sejam;
Mas lá estará

Há tempos de luta,
Há tempos de espera
E há tempos de passos incertos,
Em que uma palavra não basta

domingo, julho 08, 2007

Ainda lês? É contigo que falo

Tão vazia, essa intensidade minha; a dos últimos tempos. Não ruim - não. Mas são estranhos os repetidos sonhos, o looping das lembranças e o desejo de que a forma seja outra.
Mais que ironia; crueldade... não; não é crueldade. Não há intenção, nem motivo, nem razão, nem sentido, nem algo. Tudo é por acaso, mesmo ao repetir-se.
Por mais que me tenham dito o contrário. Por mais que tenhas dito o contrário.

segunda-feira, julho 02, 2007

[Um vulto...]

Um vulto,
Ao abraçar-me,
Tornou-se rosto e beijo
Prescindiu de apresentação;
Tocou-me

sábado, junho 30, 2007

Reflexão Matutina

Insensata falta de sono. Tão típica dos dias ruins, em que o deitar pra dormir - num sufocante silêncio - é tortura. Tal momento, que antecede o sono, prolonga-se madrugada adentro...
Mas esta é outra; insensata, somente. Sabe da necessidade, preferindo ignorá-la.
Vivo profundamente acordado, obcecado pela beleza de todo segundo noturno.

quarta-feira, junho 27, 2007

Soltas

Quem és tu, pra ser tão lembrada? Pra ouvir o que ninguém mais ouviu? Pra estar todo dia, sem estar há meses?

domingo, junho 24, 2007

Para não esquecer

Uma flor de ibisco pela vitória, foi a grande descoberta do dia. Foi. Agora será recordação - pétalas secas, em uma página perdida de um livro qualquer. Ou nem tanto, pois vitória mediana(quis usar "medíocre", contudo "medíocre" não significa mais medíocre... e desisti) merece livro de mesmo porte; nunca Lorca ou Rosa. Talvez um sermão do padre Vieira, ou um Lima Barreto; qualidade inegável, mérito indiscutível, mas êxito mediano em nossas memórias...

quinta-feira, junho 21, 2007

empty shell

Dia-a-dia extrovertido, num sentido pouco usual...quase Furtado. Bombeio todo sentimento para fora e constato: é prazeroso o vazio. E precioso.
Sem toda a carga passada, a cada dia sou mais... sou muitos... e quero ser outros. Sem qualquer compromisso com eles, como tive comigo; esvaem-se naturalmente a cada noite.
Mas é estranho estar bem, assim.

domingo, junho 17, 2007

[Mostra...]

Mostra
O novo canto
O monte dos múltilos sons
E do esconderijo único,
Em que há lugar para um somente

(27/03/2007)

quinta-feira, junho 14, 2007

[Tal diálogo é vaidade...] Incompleto

Tal diálogo é vaidade
E louco
E sábio

Salva-me da idéia
E faz-me teu
- De fato

domingo, junho 10, 2007

Subjuntivo

Assumi a inconstância após renuncia. Ou melhor; após conflito. Duas formas de vida brigaram por mim durante anos... e quando tudo apontava para uma delas - quando a vitória era certa -, descobri que a certeza enganou-me.
At the end of the day, a sutil inconstância e dionísio parecem ter vencido. Por mais vencedor de antemão que este fosse; por mais que o conflito ainda seja.

sexta-feira, junho 08, 2007

Noturnas

Qual a diferença entre estagnação e perda de controle?

Sutil desfazer da certeza, paradoxalmente conduzida pela segurança. Não, nada de segurança.

Vaidade

terça-feira, junho 05, 2007

[Vivi em meio estranho...]

Vivi em meio estranho
Redundantemente obcecado pela contemplação alheia
Enquanto meu ego esqueceu-se da autopromoção,
O anonimato protegeu-me de minha vaidade
Passado o tempo, perdi-me;
Uma volta dolorosa
Quando há consciência da doença

domingo, junho 03, 2007

Este Nevoeiro

Se não pensas como eu, incapaz sou de ferir-te. Esquece o jugo da aparência e clama por um problema, pois é o que resta em meio a tanto devaneio.
Acaso algo te prende a mim? Necessidade de redenção?
Já disse; esquece.
Não sofrerás por minha causa.

sábado, junho 02, 2007

Jogo

Vento místico
Cabalístico
Em si e para si?
E se parasse?
A questão seria essa?

Sim;
Está em mim,
E não no vento

terça-feira, maio 29, 2007

[Tua carta é liberdade]

Tua carta é liberdade
E as palavras, paixão
Constituem e certificam
A esperança natimorta
De sorrisos contidos
E lágrimas vaporizadas

Cadavericamente vivos
Gotejando terra, areia e pedra
Como quem zomba do prazer
E digere o ar
Afeiçoando-se à pele de gente
Como a sandália faz com o chão

domingo, maio 27, 2007

Certo mal-estar... estranho efeito da vida que novamente corre por meu corpo. Foi-se o tempo do pedir; é hora de ser um deus.

sábado, maio 26, 2007

[Parto...]

Parto
De idéias
Concepção
Dolorida
Que rasga a carne com carne e sentimento

- Nada de química!
Serotonina, Adrenalina...

E nasce violentado pela interpretação

sexta-feira, maio 25, 2007

[Teu é o ardor mineral...]

Teu é o ardor mineral
Que, sutilmente,
Desperta um querer deslocado do mundo,
Do que é certo,
Possível
E irritantemente prazeiroso

Quisera eu um poema
E tu mo darias sem esforço

Odeio-te
Na mesma proporção em que sublimo

quinta-feira, maio 24, 2007

[Brilha...]

Brilha
- Poéticamente -
Por ser, tua obra,
Um complexo

terça-feira, maio 22, 2007

Concorrer

Corria, louco, enquanto brincava de esquecer. Passos firmes, respiração equilibrada - certo de que o espaço seria seu. Algo que pode ser seu.

Preciosa y el aire

"Su luna de pergamino
Preciosa tocando viene
por un anfibio sendero
de cristales ylaureles.
El silencio sin estrellas,
huyendo del sonsonete,
cae donde el mar bate y canta
su noche llena de peces.
En los picos de la sierra
los carabineros durmen
guardando las blancas torres
donde viven los ingleses.
Y los gitanos del agua
levantan por distraerse,
glorietas de caracolas
y ramas de pino verde
*
Su luna de pergamino
Preciosa tocando viene.
Al verla se ha levantado
el viento que nunca duerme.
San Cristobalón desnudo,
lleno de lenguas celestes,
mira la niña tocando
una dulce gaita ausente.
Niña, deja que levante
tu vestido para verte.
Abre en mis dedos antiguos
la rosa azul de tu vientre.
Preciosa tira el pandero
y corre sin detenerse.
El viento-hombrón la persigue
con una espada caliente
Frunce su rumor el mar.
Los olivos palidecen.
Cantan las flautas de umbría
y el liso gong de la nieve.
¡Preciosa, corre, Preciosa,
que te coge el viento verde!
¡Preciosa, corre Preciosa!
¡Miralo por donde viene!
Sátiro de estrellas bajas
con sus lenguas relucientes..."
Lorca, Federico Garcia; Romancero Gitano

[Respiras em vão...]

Respiras em vão,
Pois quero sufocar-te
Beijas-me sem saber da noite,
Do nato nada que dissimulo,
De Sade
E do sal

segunda-feira, maio 21, 2007

Nós somos gotas

"Costumo pensar mais no que me aconteceu, que em conjecturas regurgitantes. Nada dessa pseudo-teoria do caos - tão na moda - até porque todos falam dela, mas ninguém nunca a estudou – Entendam por ninguém pessoas que nunca estudaram matemática e os malditos sistemas lineares ou não-lineares, seja lá o que esses nomes signifiquem. Um amigo meu, engenheiro, disse que não existe equação que expresse o gotejar. Disse que existem equações para tudo, mas não nesse caso. Se isto for verdade, talvez eu respire com um pouco mais de alegria e esperança."
Retirado de um conto incompleto

sexta-feira, maio 18, 2007

[Lista fechada..]

Lista fechada
E voz estreita;
Teu nome,
Mas não só

É inconstância;
Por tão seguros
Que a alma e um corpo
Têm sido em mim

quarta-feira, maio 16, 2007

A crise da crise

Soube, por intermédio estranho, que não houve mais gritos, nem pranto. Tampouco qualquer coisa próxima à alegria. Reina, agora, o marasmo - derivado desse não-conflito perdido em si mesmo.

segunda-feira, maio 14, 2007

Incompleto

Para onde me impelem as lembranças? Para aonde foi a certeza? Que capacidade de análise sobre si possui uma mente atribulada?
Quando todo caminho parece ser mais doloroso que a imobilidade, que confiança posso ter no julgamento meu?

DESENCANTO:
- Que os poucos momentos de completude valham por todos os outros!

domingo, maio 13, 2007

Piada pronta

"Papa critica o machismo"
"Amanheceu mais uma vez
É hora de acordar para crescer"

Sentido pervertido, mas não menos possível, não menos usual, não menos certo

Estudo

A meia-luz de um nascer prematuro e anêmico do sol invadia o quarto lentamente. Era domingo, o que significa certa calmaria pelas ruas de São Paulo; poucos sons, amplificados pela acústica de estreitas ruas espremidas por prédios no centro. Dentro de um deles, o silêncio imperava de tal modo que o porteiro encontrava dificuldades para manter-se acordado, mesmo sendo ajudado pelos incontroláveis alarmes de carro.
Dez andares acima, o chão de taco, junto às paredes brancas, formava o cômodo mais oco daquele prédio. Mais que qualquer apartamento vazio, por mais vazio que aquele fosse. Havia também uma janela – quase uma parede de vidro, definidora da diferença entre cair e se machucar e cair e esquecer o que é dor –, uma poltrona de pés em madeira escura – o estofado, couro artificial branco – e alguém sentado nela.
Olhava fixamente para o lado de fora, mas sem fixar-se em ponto algum, como quem contempla um todo aparentemente maior do que o limite da janela panorâmica, de maneira obcecadamente difusa e compromissada.
A mão segurava um copo old-fashioned, ironicamente meio-cheio, meio-vazio. Scotch, provavelmente, mas não havia sinais de qualquer tentativa de violação da borda do copo, tampouco quaisquer ondas na superfície do líquido.
Mas como todos os impérios, logo a nulidade foi-se embora – Asa Branca –; a porta, separada do elevador por uma ante-sala, passou a reclamar e anunciar, em bom gemido, que alguém vinha. O barulho seco do salto com o piso de madeira desencadeou um tranqüilo e inédito gole: descanso. De todo modo, o restante do corpo continuou em estado letárgico, mesmo após o repouso de duas insinuantes mãos em seus ombros. Era manhã de domingo.
Dotadas da suavidade mais sensual que já pude observar, tais mãos aproveitaram o frouxo nó da gravata e a atiraram para longe. O colarinho, após lento desabotoar, foi alívio e provocou um fechar de olhos consciente do que iria acontecer. O restante dos botões saía das casas conforme o par de mãos deslizava pelo peito a cada segundo mais nu, a cada milímetro mais sereno, mais calmo.
A última gota de malte precedeu a revolução. Levantou-se da poltrona encarando a dona das mãos, sem qualquer sinal de agressividade. É fato que a sedução consistia, ali, em confiança e controle, sendo tudo tácito, inconscientemente acordado entre as desejosas partes. Tomou-a em seus braços e consumiu sua alma.

sexta-feira, maio 11, 2007

Perde-se diariamente quando há uma aposta. A cada novo dia sem o resultado necessário, sinto que Fortuna gira, com suas femininas mãos, a minha sorte para mais longe.
- Rompe o laço que te prende ao imobilismo!
Que mais posso perdir-te? Deixas escapar o pouco que te faz bem, que te agrada, em favor de uma angústia tola? É o que queres?
Parece-me que já fizeste a escolha.

quinta-feira, maio 10, 2007

Sistemáticamente logrado por ninguém mais que ele mesmo. O mesmo. Sempre. Até que um carinho qualquer, rotineiro, chamou sua atenção. O simples atentar para algo diferente despertou o restante do corpo.
Questionou-se incessantemente; que há com o sentimento antigo? Onde está a força de antes? Qual a razão desse estímulo, se antes nada tocava-me?

terça-feira, maio 08, 2007

Libertas Quae Sera Tamen

A mais asfixiante forma de libertar-se é a espera. Cruel, abjeta, renegada... mas, às vezes, única. Seja bom ou não o resultado, agir se torna um opiáceo, esperança reproduzindo-se em si mesma a cada pulsar dolorido. Palavra gasta, mas não quando sinônimo de dor; vaticina a terrível sentença - em vão tento mudar por força própria.
Nada de estrutura, nem constrangimento. Nada de senhor, nada escravo. São dois universos, dois mundos, dois seres simplesmente independentes, por mais que um deles sinta-se cativo. Ao que é real, prisioneiro de fato, resta a chance de agir sem viciar-se. À mim, não.
Em minha volta, segurança e confiança. Barbarismos de um menino que pensa ser homem e moderno. "Moderno"... É preciso ser "sensível", sem deixar de ser "másculo", entre tantos outros termos copiados de revistas femininas pretensamente "modernas".

domingo, maio 06, 2007

[Que seja minha a madrugada...]

Que seja minha a madrugada
De silêncio solipsístico
De estrofação imprecisa
E inquietação reconfortante

Que seja minha a intermitência
Da alma inexistente
De folha, já tão seca,
Sentimento e inconstância

Laço

Joga a vida
Todo o tempo
Sem que notem

É do laço
Louco e estreito
Entre vós
O que sentes

sábado, maio 05, 2007

Estudo do Emo

Tom Zé estudou o pagode. Acho que vou estudar o "emo".
Lembranças de uns (poucos) anos atrás:

Taking Back Sunday: Em que língua foi escrita e cantada "Cute without the 'e' "? Inglês Não deve ser.
É preciso ser afetado, no pior sentido sem conotação homofóbica, para ser vocal de uma banda Emo?

Quase Inveja

Cantei a melancolia como quem deseja e não tem. Ou melhor; cantei-a como se estivesse em mim, constantemente, mas quieta. Como se fosse possível optar, repentinamente, por um prazer imaginado. Também um sentir falta de sentir algo... algo que, certamente, não imaginava e nem buscava imaginar... simplesmente não o aceitava.
Caóticamente inspirado, hoje, rejeito a inspiração. E também o trabalho objetivo.
Fico com o nada, que quando é sentido... quase real, quase certo, é quase a verdade.

Enquanto a noite for companheira, e não clausura

Levanta tua fronte e percebe que a capacidade do sofrimento é a vida, e que isso é belo. Há algo em ti que seja maior? Nem teu conhecimento, nem tua sabedoria, nem tuas idiossincráticas críticas; tácitas, ácidas e, como tu, vãs.
Que a dor não é prazerosa como um fim, mas como triunfo. Não seja o mal-estar teu ápice, nem mesmo as náuseas, mas sim alumbramento e percepção. Lembra, em meio ao sangue querido derramado, que teu espírito ainda é livre.
Minha prisão não foi a carne, mas sim a falta dela. Mais que síntese... Um moto-contínuo. Pois alma e corpo desejam-se de maneira sacra e ardente. Entende que a dor difere da morte na mesma proporção em que o exílio, do banimento?
Levanta tua fronte e prossegue enquanto a noite for companheira, e não clausura.

Água Quente

Água quente. Bem quente. Pequeno milagre diário; incólume. Meu pescoço chega a doer por ficar tanto tempo dobrado – o corpo corcunda – enquanto a água bate na nuca. O azulejo branco ajuda meu olhar a fixar-se em algo sem que preste qualquer atenção. É luxo... sei bem, mas penso no gigantesco rol de minhas pretensas boas ações ambientais e finjo estar empatado com o planeta. Isso basta naquele instante.
Não choro, não penso, não me expresso. O som e a fumaça são suficientes, alimento-me deles. O olhar, como disse, não é perdido. É simbólico. O grau máximo de abstração sem coma, hipnose ou rito. É pensar em si sem pensar... quase Caeiro, mas menos – muito menos – arrogante.
De súbito, deixo esse prazer; sem método, sem racionalizar. O espelho é suficiente pra que minha vaidade se revele. A barba sempre curta. A sobrancelha, perfeita, sem ser feminina. O cabelo, suficientemente arrumado, sem deixar de transmitir certa sensação de despreocupação – proposital. Perplexo fico, durante um bom e suficiente minuto, com a beleza dos meus dias, até lembrar do que existe no cômodo ao lado.
Tão frio é o chão que, antes mesmo de abrir a porta deste simulacro de sauna e sentir o ar seco envolvente, os pelos do corpo se arrepiam, fazendo com que me sinta menos humano que antes.
É só a necessidade que nos lembra a ridícula condição de existência a qual estamos... bem... estamos... Limitação... A característica mais humana que existe é esquecê-la. Hora ou outra deparamo-nos com ela, mas logo inventamos algo para esquecê-la novamente. Água quente... é um milagre.

domingo, abril 15, 2007

P

Em campo aberto,
Fui tolo
Provei de teu gosto, tua forma,
Jogando contigo sem perceber

Falo em versos
O que me tolhe a prosa:
Tudo sobre um
E nós

Vai buscar o sono tranqüilo,
Que roubei
Para abraçar-te -
E ser mais por isto

Por Vítor S. L. Oliveira

quinta-feira, abril 12, 2007

Nunc te, Bacche, canam

Que o vinho seja para festa
E não, melancolia
Que o vinho seja para ti,
Refrão,
Que a minh'alma guia

Embalas em versos cortados
Com verbos comuns
E junto à loucura

E fazes o tempo se abrir
Em passo romântico
E laço carnal


Por Vítor S. L. Oliveira